Apesar de baixo, risco serve de alerta para evitar indicação desnecessária
Médicos devem ter cautela ao indicar um exame de raio-X a uma grávida ou recém-nascido porque a exposição à radiação pode aumentar o risco de câncer na infância, segundo sugere um estudo publicado na edição da internet do British Medical Journal. O levantamento encontrou um pequeno aumento da incidência de todos os tipos de câncer infantil e leucemia naqueles que haviam sido expostos ao procedimento com menos de três meses de idade ou em crianças cujas mães foram submetidas a um raio-X durante a gravidez.
Os
pesquisadores estudaram 2.690 casos de câncer infantil e 4.858 crianças
saudáveis. Todas crianças nasceram entre 1976 e 1996 e os dados sobre
exposição a radiografia e ultrassom foram coletados a partir de
prontuários médicos. Os cientistas mediram o risco para todos os tipos
de câncer, de leucemia, linfoma e tumores específicos do sistema
nervoso central.
Os resultados mostraram um risco ligeiramente
aumentado para todos os tipos de câncer e leucemia após a exposição de
mães ou crianças ao raio-X. Os pesquisadores ressaltaram que o risco
não aumentou no caso de ultrassom.
"O aumento do risco de câncer infantil após a exposição a raios-X
dentro do útero não é estatisticamente significante", disse à VEJA
Preetha Rajaraman, uma das autoras do estudo. "Mas o fato de que há
aumento de risco, particularmente de leucemia, é consistente com o que
foi reportado por outros estudos que apontavam alta elevação do risco
de câncer infantil em crianças expostas a maiores emissões de raios-X",
ressaltou.
Apesar de exames como esse serem raros, os autores do estudo
demonstraram preocupação devido ao uso crescente de tomografia
computadorizada e outros procedimentos com alta dose de radiação em
crianças. “Nossos resultados, que indicam um possível risco de câncer
em decorrência de radiações menores que as utilizadas na tomografia
computadorizada, sugerem que é preciso ter cautela na indicação de
exames de imagem na região abdominal e pélvica de mulheres durante a
gravidez e em crianças muito novas”, disseram os autores.