As mulheres vítimas de câncer de mama são cada vez mais numerosas e jovens. É o que diz o mastologista pernambucano Paulo Vicente, especialista nestes casos. "As mulheres menstruam mais cedo e têm filhos mais tarde e em menor número, o que é uma diferença muito grande no estilo de vida da geração anterior. Isso também significa uma exposição, durante mais tempo, aos riscos de desenvolver um tumor. Hoje, tratamos pacientes com 25 anos, por exemplo", explica. Em números, a previsão assusta. A previsão é que 49.240 mulheres no Brasil desenvolvam a doença somente este ano.
Nos Estados Unidos, a recomendação é que exames mamográficos sejam feitos por mulheres a partir dos 50 anos, em vez dos 40 como já era padrão, inclusive no Brasil. O Governo americano optou pela decisão após o grande número de erros de diagnósticos verificados no país, que chega a 17%, número equivalente aos praticados em clínicas brasileiras.
No entanto, por aqui, a definição de exames de rotina para mulheres a partir dos 40 anos se mantém conforme orientação do Ministério da Saúde divulgada no início deste ano. No Hospital do Câncer de Pernambuco, por exemplo, o número de mamografias pulou de 600 para 1500 por mês. Tudo para garantir um diagnóstico precoce e mais eficaz. "Com erro, ninguém faz nada. É preciso ter certeza antes de uma mama ser operada ou condenada, por isso é preciso cautela", afirma Vicente.
Os cuidados são o lema da patologista do Hospital do Câncer Maria do Carmo Abreu e Lima. De acordo com ela, muitas vezes é preciso pedir mais tempo para estudar a fundo um caso e até pedir uma segunda opinião de um colega antes de chegar a uma conclusão. "Tudo é um desafio no que diz respeito à mama. Temos que identificar o problema, definir o tamanho de um tumor, bem como a margem de tecido sadio para avaliar se é possível manter a mama. É um processo delicado. É impossível garantir que não haja erros, mas há como evitar", defende.
Segundo ela, os cuidados devem começar desde a mamografia, passando para a biópsia. É preciso utilizar máquinas com manutenção adequada e que a mama seja estudada perfeitamente posicionada desde a sua concepção imagética, obtida na mamografia. Na biópsia, é necessário cuidado desde a coleta até a hora de registrar, para que tudo seja preciso e não haja troca de resultados. "Mais importante ainda é a experiência do profissional. Para garantir a segurança do laudo, um patologista deve ter três anos de residência médica e, pelo menos, outros cinco de prática", afirma.
Um estudo da Universidade da Califórnia concorda com a doutora. Segundo o documento, para ser confiável, o profissional, tanto de radiologia quanto de patologia, deve estar em contato permanente com diagnósticos. Por serem cada vez menores, as imagens de possíveis tumores precisam de sensibilidade na interpretação, o que só seria possível com alguém que lida com pelo menos 2.500 procedimentos como este por ano.
Ao sinal de qualquer nódulo no seio, é preciso buscar ajuda de um profissional. Na dúvida, a paciente deve questionar sempre junto ao seu médico sobre os problemas diagnosticados e, quando houver algum tipo de problema, buscar uma segunda opinião. No que diz respeito às clínicas de mamografia, primeiro passo para a identificação da doença, é necessário verificar se o local possui selo de qualidade do Colégio Brasileiro de Radiologia e questionar sobre o tempo de experiência dos radiologistas que atendem a paciente. Precaução nunca é demais.
Fonte: Pernambuco.com
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