Após
a reclamação de pacientes sobre a fila de espera do serviço de
radioterapia, representantes da área da saúde municipal e estadual
encontraram uma “solução”. Aumentar o repasse para uma clínica
particular.
A
decisão foi divulgada em novembro pelo Ministério Público Federal, de que a
clínica Neorad vai receber R$ 270 mil reais mensais pelo período de 4 meses
para atender os pacientes. No total, serão pagos para a clínica o valor
de hum milhão e oitenta mil reais. Um aumento de 285%.
De
acordo com o MPF, a decisão foi informada ao procurador
regional dos Direitos do Cidadão, Felipe Fritz Braga, pelos
representantes das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. Apesar de
ter aceitado a solução temporária e imediata, Fritz afirmou "não
concordar absolutamente com essa situação".
O procurador quer que governo e município
estruturem a radioterapia na rede pública e foi contundente em suas declarações, afirmando que há a
aplicação de recursos vultosos nas clínicas privadas e filantrópicas,
mas não acontece o mesmo na rede pública.
"Por
que essa situação? Porque não houve investimento na área pública.
Derramam-se recursos vultosos na rede privada de saúde - e aí incluo as
instituições filantrópicas, como Hospital do Câncer e também Santa Casa -
mas pouco se aplica, em termos proporcionais, nos hospitais públicos. É
necessário investir na oncologia de hospitais públicos. Temos aqui o
Hospital Regional e o Hospital Universitário - o que é que tem sido
feito para criar ali uma radioterapia de ponta? Nada. Estado e município
pagarão para clínica particular um montante que, ao longo de poucos
anos, lhes permitiriam montar toda a estrutura necessária para o
funcionamento de uma radioterapia em hospital público", afirmou ele.
Agora,
a meta do MPF é investigar o descaso do atendimento de pacientes com
câncer no Estado, ouvindo os mesmos e também saber por que muitos
precisam procurar tratamento fora do Estado, enquanto outros, quando não
tem condições, precisam se submeter a filas demoradas de atendimento.
Também há relatos de médicos ao MPF confirmando que em muitos casos, a demora inviabiliza a cura. "Queremos
conhecer de perto o drama que os pacientes oncológicos estão vivendo
nas filas. Não há nenhum registro sobre o que enfrenta esse paciente:
ele se depara com irregularidades perante as quais tem de se calar? Ele
está vindo de longe para conseguir uma vaga na fila? Ninguém faz esse
registro. Queremos ouvi-lo. O SUS é um sistema perfeito no discurso e na
teoria. Na prática, os problemas são enormes. Temos de enfrentá-los
ouvindo o paciente", explanou o procurador em nota divulgada pelo MPF.
Rede pública
Se
depender do Governo do Estado, a intenção de radioterapia no sistema
público de saúde não será realidade em MS. Segundo informações da
Secretaria Estadual de Saúde ao MPF, não há a pretensão de instalar
aparelho de radioterapia no Hospital Regional.
Atualmente,
somente a rede particular presta esse tipo de atendimento no Estado.
Além da Neorad, na Capital o Hospital do Câncer tem o tratamento e em
Dourados o Hospital Evangélico, ambos são instituições filantrópicas
que atendem pacientes de convênios e particulares.
Ao
MPF, a administração do Hospital do Câncer informou que não pretende
ampliar o atendimento à população, pois o aparelho de radioterapia teria
limitação no horário de funcionamento.
Fonte: Midiamax (com adaptações).
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