O delegado da Polícia Civil de Alagoas, Belmiro Cavalcante, enviou um
cadáver desenterrado para necrópsia no maior hospital público do Estado.
O modelo Eric Ferraz foi sepultado com cinco balas no corpo porque o
Instituto Médico Legal (IML) nunca teve um aparelho de raio-X e o médico
legista não teve tempo de executar o procedimento. A Justiça determinou
a necrópsia por haver a suspeita de que a vítima tenha sido morta com
duas armas.
"Isso é um absurdo. Vamos solicitar uma intervenção imediata de todos
os órgãos competentes. Não se pode levar um corpo para exumação em um
hospital. É mudar a ordem das coisas. Há pessoas vivas e doentes nos
corredores do hospital. Há riscos para as vidas", disse o presidente do
Conselho Regional de Medicina, Fernando Pedrosa.
Segundo funcionários do Hospital Geral do Estado, o corpo passou por
exames no início do mês no necrotério do hospital, com um
aparelho de raios-X portátil. "Querem resolver a situação do IML desta
forma. Nunca teve um raio-X, nunca houve interesse do Estado em se
resolver os seus crimes ou apurá-los com uma Medicina Legal com
equipamentos. Não admitimos isso", afirmou Pedrosa.
Por ordem do delegado, um caseiro de um dos acusados pelo assassinato
foi preso. Na cadeia, ele foi espancado por 15 presos. Cavalcante nega
incentivo a tortura. O delegado foi acusado, há dois anos, de torturar
um jovem de 12 anos após prendê-lo por engano. O caso foi arquivado pelo
Conselho Estadual de Segurança e pelo Conselho Superior da Polícia
Civil.
O IML de Alagoas funciona de forma improvisada há 80 anos em um
prédio cedido pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) no bairro do
Prado, em Maceió. Em janeiro, o Ministério Público pediu o fechamento da
unidade: até restos dos corpos eram jogados no lixo, e a água que
escorria dos cadávares ia parar no meio da rua. Em levatamento realizado
em todas as delegacias de Alagoas, o Sindicato dos Policiais Civis
identificou 13 com risco de cair. Algumas funcionam em casas alugadas.
A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, está em
Alagoas desde o dia 06 para buscar alternativas para a crise no
setor de segurança do Estado, que é o mais violento do Brasil de acordo
com números do Ministério da Justiça.
Fonte: Terra
Que terra sem lei essa nossa, hein! Parece que vivemos em pleno Velho Oeste neste país.
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