O ex-diretor da usina está com câncer, o arroz e o leite em pó infantil estão com sinais de radiação, a cerveja japonesa foi barrada, macacos vão medir a radiação nas mediações da usina... enfim... fatos e contos de Fukushima.
Câncer
O ex-diretor da usina nuclear de Fukushima, que deixou o trabalho na início de dezembro, está com câncer de esôfago, informou a
empresa Tepco, da qual é funcionário.
Mas
segundo a porta-voz da Tepco, Ali Tanaka, durante visita à usina, "o próprio Yoshida revelou que tem câncer de esôfago",
enquanto conversava com os funcionários.
A Tepco acredita que
é "extremamente improvável que a doença tenha sido causada por
exposição a radiação", afirmou, para provocar câncer no esôfago, seria necessário
uma exposição à radioatividade durante pelo menos cinco anos e 10 anos
para desenvolver a doença.
A exposição cumulativa de radiação de
Yoshida foi de 70 mSv desde 11 de março, segundo a Tepco, um
nível abaixo do limite recomendado para socorristas.
Alimentos
A empresa Meiji, do Japão, vai providenciar
a troca de 400 mil latas de leite em pó infantil vendidas no país.
Há suspeitas de que o produto tenha sido contaminado com césio
radioativo. Amostras do leite foram analisadas por especialistas, que
identificaram a contaminação nove meses após o vazamento de
radioatividade na Usina.
Porém, de acordo com a empresa, a
radiação identificada no produto está em níveis bem abaixo dos limites
de segurança estabelecidos pelo governo japonês. A Meiji informou que o
césio pode ter contaminado o leite durante o processo de desidratação.
O governo japonês esvaziou
nove cidades próximas da central nuclear, determinou a suspensão da
produção e do consumo de alimentos produzidos na região, como carnes,
legumes, frutas e verduras.
As autoridades da província japonesa também detectaram
elevados níveis de césio radioativo nas plantações de arroz de cinco
fazendas da região.
As últimas amostras contaminadas procedem de Oonami e chegaram a
revelar um nível de até 1.270 Bq de césio radioativo por kg,
muito acima do limite máximo de 500 Bq/kg estabelecido pelo
governo japonês.
Em meio à preocupação com a contaminação, as autoridades de Fukushima
vêm realizando nos últimos dias análises sobre o arroz das 154 fazendas
agrícolas que se encontram nessa região.
Em julho passado, o governo japonês vetou o comércio de carne bovina de
Fukushima e outras duas províncias ao se detectar níveis excessivos de
césio radioativo em algumas amostras. Mas, no final de agosto, suspendeu
a interdição por considerar que tinham sido tomadas medidas adequadas
para proteger o gado da contaminação.
Cerveja
Dois contêineres com 5 mil unidades da cerveja japonesa Asahi Super Dry
estão parados no Porto de Santos – um deles, há mais de um mês. Eles
aguardam prova de que os alimentos transportados não sofreram
contaminação radioativa.
A empresa Yamato Comercial, responsável pela comercialização, acreditou
que a mercadoria deveria ser liberada em cerca de uma semana, mas até agora nada foi pronunciado a respeito.
A Asahi é fabricada em Kanagawa, região que não é considerada de
risco. Mesmo assim, precisa ser analisada quando chega ao Brasil, por
segurança. Além disso, todo alimento que sai do Japão leva uma licença
emitida pelo país, atestando que não há contaminação – e, no caso da
Asahi, esse laudo demorou a chegar ao Brasil.
“As cervejas chegaram
antes dos documentos”, lamenta Waldery Braga, coordenador de importação
da Yamato.
Macacos detectores
Os físicos não sabem precisar, atualmente, os níveis de radiação na
região. Por essa razão, os pesquisadores devem implantar colares
medidores em macacos que habitam as florestas da área.
O colar que será colocado em cada macaco, no início de fevereiro, vai
contar com três equipamentos. O primeiro é um dosímetro, o aparelho
mais usado para detectar radiação. Haverá também um altímetro, para que
os cientistas saibam a distância do solo em que cada animal se encontra.
E por fim um GPS, para dar a localização dos macacos.
Não mais do que três macacos serão monitorados com o colar. Cada um
vai usar este “adereço” por cerca de um mês, e o controle por parte dos
pesquisadores será feito através de controle remoto. O objetivo do teste
é simples: verificar a quantas anda o nível dos impactos do acidente
ocorrido há nove meses.
Um ambiente natural como uma floresta, conforme explicam os
cientistas, é um prato cheio para medições desse tipo, porque a radiação
tem fortes influências no ecossistema. Esta tentativa, aliás, não é a
primeira: os cientistas chegaram a implantar colares nos macacos em
outubro, mas os equipamentos deram defeito e tiveram que ser removidos.
O Brasileiro x A Energia Nuclear
A rejeição da opinião pública global ao uso de energia atômica aumentou após o acidente com a usina nuclear de Fukushima, segundo indica pesquisa encomendada pela BBC. Na média geral entre os 12 países que já têm usinas nucleares ativas - Brasil incluído -, 69% dos entrevistados rejeitam a construção de novas usinas, enquanto 22% defendem novas estações. No Brasil, 79% dos entrevistados dizem se opor à construção de novas usinas.
Esses 79% incluem pessoas que acham que o Brasil deve usar as usinas nucleares que já tem, mas não construir estações novas (44%), e pessoas que acham que, como a energia atômica é perigosa, todas as usinas nucleares operantes devem ser fechadas o mais rápido possível.
Apenas 16% dos entrevistados brasileiros acham que a energia nuclear é relativamente segura e uma importante fonte de eletricidade e que, portanto, novas usinas devem ser construídas.
Em comparação com resultados de 2005, o levantamento "sugere que houve um elevado aumento na oposição à energia nuclear" em parte dos países, enquanto cresce a defesa da economia de energia e o uso de fontes renováveis em vez da energia nuclear.
Rejeição e apoio
As maiores rejeições à ampliação do uso da energia atômica são observadas na França, no Japão, no Brasil, na Alemanha, no México e na Rússia. Em contrapartida, em países como China, Estados Unidos e Grã-Bretanha, ainda é representativa a quantidade de pessoas que consideram a energia nuclear segura - 42%, 39% e 37%, respectivamente.
"A falta de impacto que o desastre nuclear de Fukushima teve na opinião pública nos EUA e na Grã-Bretanha é digna de nota e contrasta com a crescente oposição às usinas nucleares novas na maioria dos países que acompanhamos desde 2005", declarou o presidente da empresa de pesquisas GlobeScan, Doug Miller.
"O maior impacto foi observado na Alemanha, onde a nova política do governo (de Angela) Merkel, de fechar todas as estações de energia nuclear, é apoiada por 52% dos entrevistados", disse.
A visão alemã reflete a opinião pública do resto da Europa, continente em que "a maioria dos países pesquisados tem uma visão negativa com relação ao uso de energia atômica para gerar eletricidade".
Fonte: Hype Science, Pernambuco.com, Terra e IG (com adaptações).
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