Três equipamentos recém-chegados ao Centro de Tecnologia de Recursos
Florestais do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo)
prometem trazer informações mais precisas ao diagnóstico de árvores
quanto à sua condição biológica e ao risco de queda.
O tomógrafo por impulso, o tomógrafo por impedância elétrica e o pulling test (vulgarmente conhecido como "puxômetro") seguem as atuais tendências de execução de ensaios não-destrutivos em árvores.
Tomografia de árvores
Os dois tomógrafos têm como função a detecção de deteriorações e de cavidades em árvores, mas operam de maneiras distintas.
O modelo por impulso executa a medição do "tempo de voo" do sinal
gerado por um martelo eletrônico, que é transmitido e recebido por
sensores instalados ao redor da circunferência do tronco. Os sinais variam de acordo com o módulo de elasticidade (MOE) e a densidade da própria madeira.
Os dados coletados são inseridos em um software para o cálculo das
velocidades sônicas aparentes e o desenho do mapa da árvore, com imagens
em 3D para o diagnóstico de deteriorações e outros defeitos internos.
"Quanto mais alta a velocidade da onda sônica que percorrer o lenho,
ou seja, o tempo de propagação entre dois pontos da árvore, maior será a
resistência da madeira", explica Takashi Yojo, pesquisador do IPT. "Em
outras palavras, a velocidade será alta se a madeira estiver em boas
condições, e baixa caso haja um apodrecimento, rachadura ou fissura na
árvore".
Tomógrafo por impedânca
O segundo tomógrafo, por impedância elétrica, irá permitir a obtenção
de informações sobre as propriedades químicas da madeira, como teor de
umidade, estrutura das células e concentração iônica. O modelo faz uso da corrente elétrica para verificar alterações
provocadas pela deterioração em tais características, e traz como
resultado um mapa bi e tridimensional sobre o atual estado de
resistência da árvore.
"Quando o lenho está seco, a corrente demora a passar porque a
resistência elétrica está elevada, enquanto, na madeira verde, a energia
circula com facilidade", exemplifica o pesquisador.
Para a execução dos ensaios, os dois modelos podem contar com o
auxílio de um compasso de calibre, ferramenta que determina as posições
dos pontos de medição e é particularmente útil em árvores de grandes
dimensões ou de estruturas irregulares.
Penetrômetro
Os resultados combinados dos dois tomógrafos irão oferecer
informações mais precisas sobre os tipos e as localizações dos problemas
nas árvores.
Segundo a pesquisadora Raquel Amaral, do Laboratório de Preservação
de Madeiras e Biodeterioração de Materiais do IPT, o principal
equipamento disponível atualmente para o diagnóstico das árvores no
Instituto é o penetrômetro, que permite avaliar a perda de resistência
mecânica do lenho e a presença de organismos no interior da árvore.
"Não se trata de um equipamento destrutivo, mas invasivo; ele possui
uma broca com diâmetro de 0,9 mm que penetra na árvore e fornece
respostas somente na linha de passagem da ferramenta", explica ela.
Mais completos e precisos, os novos ensaios com os tomógrafos
permitirão um rastreamento da seção transversal e também em 3D, além de
irem ao encontro das atuais tendências em ensaios não-destrutivos.
"Observamos hoje que o rompimento na maioria das árvores ocorre na
região do colo, na transição entre raiz e tronco, e o penetrômetro
consegue detectar grande parte dos problemas", afirma Raquel. "Em caso
de dúvida, os dois tomógrafos farão a análise no colo e nas camadas
acima ou abaixo dessa linha, ou seja, vamos alcançar uma maior
rastreabilidade e uma segurança maior nas análises, sem causar danos à
árvore".
Puxômetro
Terceiro equipamento adquirido, o pulling test ou puxômetro é usado para obter informações sobre a estabilidade no tronco e nas raízes.
Para a execução do ensaio, é exercida uma carga com uma manivela e um
cabo de aço; a reação da árvore submetida ao estresse sob esta carga
será medida por um inclinômetro e por um elastômetro, que avaliarão a
carga de ruptura e as propriedades mecânicas do lenho.
Risco de queda da árvore
As informações fornecidas pelos três novos equipamentos servirão
ainda para ampliar os parâmetros do modelo de cálculo estrutural,
desenvolvido em 2004 pelo IPT para a análise de risco de queda de
árvores.
Um dos principais gargalos da ferramenta é a avaliação das propriedades da raiz, que sofre modificações na interação com o solo. "O diferencial no uso do pulling test será a inferência sobre a
estabilidade do sistema de raízes da árvore, cuja avaliação é hoje
limitada por ser um órgão subterrâneo", explica Raquel.
O outro é o cálculo da carga de vento, pois a vibração é muitas vezes
a responsável pela queda de uma árvore, e não a força estática: "Como
os ensaios no pulling test medem compressão, inclinação, tração e
rotação da árvore, teremos condições de calcular a frequência de
vibração das árvores a partir de tais constantes", explica Yojo.
Para adaptar os equipamentos fabricados na Alemanha às demandas da
biodiversidade brasileira, as equipes dos pesquisadores dos dois
laboratórios estão criando parâmetros para o uso das novas tecnologias
em espécies nativas.
"As árvores na Alemanha têm uma menor densidade de lenho em
comparação às do Brasil. Elas são classificadas como madeiras moles e
não possuem a mesma resistência de espécies encontradas aqui, como o
pau-ferro e a peroba", conclui Raquel.
Fonte: Inovação Tecnológica
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