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quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Resíduos químicos são jogados direto na rede de esgoto por odontólogos

A poluição dos rios, lagos, zonas costeiras e baías tem causado degradação ambiental contínua por despejo de volumes crescentes de depósitos de resíduos e dejetos industriais e orgânicos. 

O lançamento de esgotos não tratados aumentou dramaticamente nas últimas décadas, com impactos severos sobre a fauna, flora e os próprios seres humanos. Pesquisa do doutor em Odontologia, Marcos André dos Santos da Silva, aponta que cerca de 80% dos odontólogos de São Luís descartam materiais radioativos diretamente no esgoto.

A preocupação com a forma como estes resíduos são tratados originou a pesquisa do professor doutor do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Odontologia do Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma), Marcos André dos Santos da Silva, na qual ouviu profissionais da Odontologia, nas diversas especialidades em seus consultórios e clínicas de Radiologia Odontológica de São Luís. Na investigação, foi indagada como procedem ao descarte de efluentes (soluções de fixador, revelador e água de lavagem dos filmes radiográficos) contendo substâncias nocivas ao meio ambiente e aos próprios seres humanos e ao descarte dos resíduos sólidos (os filmes radiográficos, películas radiográficas, invólucros e lâmina de chumbo) constituídos de material plástico impregnado com metal pesado.  

“Realizamos a pesquisa através de questionário fechado contendo nove questões, que foi aplicado de forma aleatória a uma amostra de 7,8% do total de 1.281 cirurgiões-dentistas. Com os dados colhidos, através dos questionários, foi feita a análise quantitativa, empregando a porcentagem e outros instrumentos estatísticos necessários para obtenção dos resultados, que possibilitaram avaliarmos a gestão dos rejeitos do processamento radiográfico”, disse.

Quando questionados se acreditam que os efluentes radiográficos podem causar danos ao meio ambiente, 92% dos pesquisados afirmam que sim. Quanto ao descarte do fixador utilizado no processamento radiográfico, 43% afirmam que jogam diretamente na pia, 36% diluem o fixador em água e o jogam na pia, 14% realizam o descarte através de uma empresa especializada e 7% deles utilizam outro meio. Dentre os entrevistados, 42% descartam o seu revelador de radiografias somente jogando na pia, 36% diluem em água e o jogam na pia, 13% realizam o descarte através de uma empresa especializada e 9% utilizam outro método para descarte. Quanto à forma de descarte dos filmes radiográficos, 51% jogam no lixo e 49% descartam através de uma empresa especializada, sendo assim, não seguindo o regulamento para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde estabelecido pela Anvisa.

A pesquisa aponta que grande parte dos cirurgiões dentistas não possui informações de como descartar os rejeitos do processamento radiográfico e filmes radiográficos de forma correta, e que a vigilância sanitária não mantém uma fiscalização para gestão dos resíduos dos serviços de radiologia odontológica em São Luís. “Ratificamos que executamos medidas educativas, esclarecedoras e de conscientização desses profissionais ao fim de nossa coleta de dados. A informação científica sendo executada conforme as normas previstas na legislação vigente, poderá minimizar os riscos de contaminação ambiental, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável do Maranhão”, ressaltou.

A pesquisa de Marcos André dos Santos da Silva foi premiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) como pesquisador Sênior.


Fonte: Jornal Pequeno

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