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sábado, outubro 16, 2010

Problemas com o temido TCC

Quando faltava apenas uma semana para o grupo do estudante Gustavo Ellero Fernandes apresentar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) em uma pré-banca, tudo se desmanchou. De uma hora para outra, os oito meses de trabalho do grupo viraram pó. Tudo por causa de uma deliberação que estava absolutamente fora do poder decisório do grupo. O último ano da graduação engana. Embora haja menos matérias para estudar, o TCC exige muito tempo e dedicação e gera conflitos que podem acabar não só com o trabalho em si, mas com amizades e relacionamentos cordiais.

Enfrentar problemas no TCC é mais comum do que se imagina. No meio do caminho é preciso estar preparado para tudo. Desde brigas entre integrantes do grupo até o fiasco de um projeto em função do fim da parceria entre os estudantes e empresas. Diante de um cenário como esse, porém, não adianta se desesperar. A ordem é manter a calma e pensar com frieza no que fazer para contornar o problema.

"Tínhamos um acordo com a empresa e desenvolveríamos uma revista cooperativa para fazer a comunicação interna dela. Iniciamos o trabalho em setembro de 2007, e em maio de 2008, com boa parte do material pronto, a empresa cancelou o trabalho, quando faltava uma semana para apresentarmos o projeto para a pré-banca. Eles alegaram uma crise interna devido à troca da presidência", explica Fernandes, estudante do 4º ano de jornalismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

A orientadora do TCC do Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Cicélia Pincer Batista, afirma que ao acontecer qualquer problema com o projeto, o primeiro passo é conversar com o professor orientador. "O aluno ou grupo deve procurar seu professor orientador e avaliar quais serão os próximos passos a serem tomados", diz. Foi o que o grupo de Fernandes fez.

"No mesmo dia em que a empresa cancelou o trabalho, conversamos com a professora orientadora para discutirmos quais seriam as providências tomadas. Entretanto, já tínhamos feito um levantamento de outras empresas no mesmo segmento para as quais poderíamos oferecer nosso trabalho antes mesmo de chegarmos à universidade para o encontro com a orientadora", afirma ele.

Mesmo com problemas, o aluno não perde todo o trabalho já realizado. "No caso de grupos que trabalham com empresas, por exemplo, e que a empresa desiste do projeto no decorrer do TCC, há possibilidade de redirecionamento do trabalho. Dessa forma, os alunos podem usar o que já haviam desenvolvido", explica Cicélia.

A coordenadora do TCC de Direito da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Lívia Haygert Pithan, concorda com a opinião de Cicélia e diz que essa é a orientação dada a alunos com esse tipo de problema pelos professores. "O aluno deve sentar com seu professor orientador e pensar em um novo enfoque dentro do material pronto. Aconselhamos os alunos a nunca descartarem as informações concretas que possuem", diz Lívia.

Fernandes conta que no caso de seu grupo, aconteceu o que Cicélia exemplificou. O grupo, com o projeto gráfico da empresa antiga em mãos, usou a mesma base para construir o design do novo projeto. "Substituímos cores, formas, a missão e os valores de acordo com a nova empresa", diz. O estudante de jornalismo afirma que na pré-banca de avaliação do TCC entregaram dois relatórios: um desenvolvido com a empresa anterior e outro, realizado em três dias, com dados da empresa substituta.

"Fomos bem avaliados porque soubemos resolver o problema pelo qual passamos. E hoje temos uma relação melhor com a nova empresa. Eles são mais participativos do que a empresa antiga, nos dão boas idéias para pautas. O trabalho está perto de ser concluído", explica o estudante.

Entretanto, Lívia alerta que o risco de reprovação é grande caso ocorra algum imprevisto às vésperas da apresentação final para a banca examinadora. "Se o problema tem uma duração longa ou se acontece muito próximo à data da apresentação final do projeto o aluno pode até ser reprovado se não houver uma agilidade da parte dele para a resolução da dificuldade", dispara ela.

Redução no grupo

A estudante do sétimo semestre de Rádio e TV da Unicsul (Universidade Cruzeiro do Sul), Ana Carolina Marinovic, diz que teve problemas antes mesmo da pré-banca: "nosso projeto era produzir um programa infantil. O grupo se desmanchou e ficaram apenas quatro pessoas". Mesmo após restar somente quatro componentes no grupo, eles deram continuidade à idéia inicial. Durante o percurso do projeto, entretanto, uma das integrantes trancou o curso. "Quando ficamos em três, o conselho dos professores foi para desistirmos do programa e pensarmos num tema menos complexo para o TCC", afirma Ana Carolina.

O trio, porém, decidiu que levaria o programa em frente e dividiria os custos do projeto. "Mas alguns meses depois, um dos integrantes de nosso grupo morreu. Ainda assim, persistimos na produção do programa infantil", explica a estudante. Como os gastos seriam muito altos para somente dois componentes dividirem, a dupla conseguiu patrocínio. "Contamos nossa história a donos de empresas pequenas, localizadas próximas à região de nossas casas. Dessa maneira conseguimos patrocínio", diz Ana Carolina.

A estudante, que obteve a maior nota de sua sala na pré-banca, fala sobre a boa estruturação do TCC. "Além dos professores terem nos auxiliado muito, tivemos uma nota alta porque todo o trabalho apresentado foi embasado em muita pesquisa e o material foi bem elaborado. E, ao contrário de nosso pensamento inicial, não nos sentimos sobrecarregados, porque o projeto estava bem adiantado", garante Ana Carolina.

Problemas com plágio

Alguns alunos, seja pelo curto tempo dado para o desenvolvimento do trabalho, ou por acreditarem que ninguém perceba, retiram trechos - curtos ou longos - de outros autores da Internet. "Em muitos casos, é a própria banca examinadora quem detecta o plágio. Em grande parte das vezes, esses alunos são reprovados", declara Lívia. De acordo com ela, em outros casos, dá-se a oportunidade do candidato reformular seu trabalho. "Fica a critério da banca examinadora conceder ou não esse tempo extra - em geral, uma semana - ao aluno. Eles decidem isso em conjunto com o professor orientador", aponta Lívia.

O caso do radialista, Thiago Barbosa Ilek, foi parecido. Ele, porém, não refez seu trabalho. "Meu professor orientador me avisou que não poderia apresentar meu TCC no dia marcado. Ele disse ter detectado um trecho com plágio em meu projeto e se eu o apresentasse, corria o risco de ser reprovado", afirma Ilek, que teve problemas também na pré-banca. "Quando apresentei meu trabalho para a pré-banca, pretendia fazê-lo sobre videoclipes em geral. Mas os avaliadores disseram que além do meu trabalho ter problemas a serem corrigidos, o assunto estava muito abrangente. Por isso, me pediram para focar mais em somente um assunto", conta Ilek.

Para resolver os problemas indicados pela pré-banca, o radialista afirma ter procurado outros professores de seu curso. "Meu professor orientador não prestava grande auxílio ao meu TCC. Quando a pré-banca me passou com a nota mínima e recomendou que fizesse alterações, pedi ajuda a outros professores, tanto na definição de um tema mais centrado, como na correção da parte pronta", diz o estudante.

No final, o TCC de Ilek, mesmo ao passar pelos problemas no dia da apresentação, teve uma avaliação satisfatória. "Alguns professores acharam que foi exagero não me deixarem apresentar por haver um trecho de plágio. Pretendia apresentá-lo e explicar o trecho, mas mesmo sem a apresentação o TCC foi bem avaliado, minha nota final foi 8,5", lembra.

Deixar para depois

Há quem acredite que fazer o TCC sem ter a preocupação com as outras matérias possa ser uma opção mais viável. Há também quem aposte numa idéia de forma tão comprometida que esteja disposto a adiar a realização para viabilizar o projeto da forma como o esquematizou. De um jeito ou de outro, protelar a apresentação do projeto é um caminho tortuoso.

Foi o caso de Osmar Campos Filho, que cursou o último ano da faculdade em 2003, mas não entregou o TCC. "Tinha combinado com um professor orientador que faria o trabalho no ano seguinte. Mas com a falta de tempo por já trabalhar, não pude fazer o TCC. Adiei o projeto e consegui fazer apenas em 2007, quando encontrei outros três alunos na mesma situação que eu", conta.

Orientação errada pode determinar fracasso no TCC

Após um ano de trabalho, pesquisa e entrevistas, quatro horas de captação de imagens, outras vinte na ilha de edição para finalização do TCC, a decepção. Grande parte do que a radialista Lilian Christina de Melo Cruz, 29 anos, e sua equipe tinham desenvolvido não recebeu o aval da banca avaliadora. Problemas técnicos e estruturais, jamais citados pelo orientador, foram apontados pelos avaliadores, que descontaram muitos pontos da nota final.

"A nota foi suficiente para a aprovação, mas a decepção foi maior com a falta de consideração do orientador", explica Lilian. Segundo ela, o professor designado para a equipe não cumpriu seu papel durante o desenvolvimento do projeto, mas concordou com todos os comentários dos avaliadores. "Não recebemos a orientação que deveríamos. Na véspera da edição do vídeo, questionamos o orientador sobre o roteiro e ele nos disse que estava tudo ótimo, mas mudou de idéia no dia da banca final, quando não podíamos fazer mais nada", conta.

De acordo com a professora de Pedagogia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), Ermelina Thomacheski, muitos estudantes não valorizam a figura do orientador e nem dão a devida atenção ao processo de escolha do professor que os acompanhará durante todas as etapas do projeto. "Isso pode emperrar o desenvolvimento do trabalho e, inclusive, comprometer o resultado", enfatiza.

Na opinião do diretor do Instituto de Ciências das Artes da UFPA (Universidade Federal do Pará), Afonso Medeiros, o primeiro passo para que a influência do orientador seja positiva é reconhecer a importância da parceria entre aluno e professor. A coordenadora da graduação de Pedagogia da Unicamp (Universidade de Campinas), Angela Soligo, explica que o papel do orientador é acompanhar o estudante desde a criação do projeto - com a escolha do tema - até a construção teórica e prática do trabalho. "O TCC integra o processo de aprendizado do aluno e, geralmente, é o primeiro contato do estudante com pesquisa e projetos desse porte. Por isso da importância da direção", aponta.

Além de todo o suporte técnico, Angela acredita que o orientador também tem a função de dar apoio afetivo. "Os processos do trabalho, em geral, são difíceis. Portanto, é natural que surjam angústias, cansaço e desânimo. Daí a importância de um orientador para compreender as dificuldades", diz a coordenadora da Unicamp. Na opinião dela, o orientador é co-responsável pelo trabalho. "Mas quem tem o poder de decisão é o estudante", enfatiza.

Como escolher o orientador

- Reconheça a importância da parceria entre professor e aluno;

- Saiba distinguir quais são seus papéis e os do orientador no desenvolvimento do trabalho;

- Confira as regras da universidade para a escolha do orientador;

- Priorize professores com interesse no assunto a ser pesquisado e na modalidade do projeto para que a orientação não seja superficial;

- Verifique a disponibilidade do professor. Caso ele esteja orientando mais de seis projetos, opte por outro com mais tempo;

- Converse informalmente com os possíveis candidatos a orientador para saber de seus interesses e disponibilidade;

- Escolha um professor com quem tenha empatia;

- Procure estudantes que já tenham sido orientados pelo professor escolhido e verifique se suas características são compatíveis com seus interesses;

- Caso haja problemas na orientação no decorrer do processo, estude a possibilidade de substituir o professor;

- Escolha um co-orientador para ter mais uma opinião.


Fonte: UNIVERSIA-BRASIL (com adaptações).

Saiba transformar a pesquisa do TCC no produto final


Se estruturar toda a sustentação teórica de um TCC (trabalho de conclusão de curso) já é trabalhoso, tirar isso tudo do papel é tão laborioso quanto. Depois do processo de pesquisa, chega o momento de transformar conhecimentos em produto. Independentemente do formato ou do tema escolhido, o TCC deve aliar o conhecimento obtido durante a etapa de investigação com a criação de projetos que mostrem as opiniões e conclusões do aluno ou grupo.

"Todas as modalidades de TCC, independentemente do formato escolhido, precisam do processo investigativo para fundamentar teoricamente o produto final. O trabalho deve ser composto a partir de bases sólidas para aproximar o experimento das teorias aprendidas durante a graduação", explica Sérgio Arreguy, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade FUMEC. Na opinião dele, teoria e prática são complementares para o processo de aprendizado.

Segundo Suzana Viegas, coordenadora do curso de Direito da UnB (Universidade de Brasília), para transmitir o conteúdo do trabalho, é necessário tomar como base autores que dominam o assunto a ser tratado e ao mesmo tempo desenvolver sua própria visão e conclusões sobre o tema. De acordo com ela, de nada adianta entregar um trabalho repleto de citações recolhidas durante a pesquisa. "Isso pode ser interpretado pela banca examinadora como plágio", alerta.

Para Orlando Strobel, diretor do curso de Engenharia Civil da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), transformar a pesquisa no trabalho é uma tarefa que ficará mais complicado a medida em que o estudante não conseguir se organizar. "Quando o aluno encontra dificuldades já para delimitar o projeto e realizar a pesquisa, fazer o trabalho final se torna ainda mais difícil", resume ele. Strobel acredita que a pré-banca é essencial para auxiliar os estudantes. "É comum o tema desviar durante a coleta de materiais. Os examinadores têm como corrigir o rumo para que o produto final esteja alinhado à proposta", declara ele.

Já Suzana opta por acompanhar o processo de redação do projeto desde a etapa de pesquisa. "Todo o material recolhido durante as investigações é avaliado pelo orientador, que define a pertinência. Dessa forma, quando chega o momento de redigir a monografia, o estudante sabe quais autores servirão de base e quais são secundários", afirma ela.

Para ajudar os alunos, Suzana recomenda fichar todos os livros e artigos da bibliografia do trabalho. "Isso facilita a organização das idéias a serem expostas em cada capítulo da monografia", sugere ela. A coordenadora diz que esses sumários podem ser mudados enquanto o trabalho é escrito, mas aposta nesse método como o melhor para que os estudantes não repitam informações ou deixem conteúdos importantes de lado.

Trabalho final

Para redigir o TCC sobre planejamento de carreiras, o grupo de Aline Marcolongo, graduada em Gestão em Recursos Humanos pela UNICID (Universidade Cidade de São Paulo), não encontrou muitos problemas. Ela acredita que o sucesso se deu, em parte, pelo auxílio recebido do orientador. "O professor nos indicou os melhores autores para a pesquisa", garante ela. Aline diz ter tomado workshops, livros e palestras sobre o tema estudado como base. "Entretanto, no momento de escrever o projeto final, juntamos toda a investigação e tiramos nossas próprias conclusões a partir das diversas opiniões e posicionamentos estudados. Usamos os autores para solidificar o conhecimento", declara ela.

A metodologia de Aline é aprovada por Denilson Marques, chefe de departamento da graduação em Administração da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). "Recomendo aos alunos identificarem o problema abordado, pesquisar autores com opiniões diferentes sobre o tópico e escolher a teoria que mais se aproxima da visão do grupo. Depois desse processo, é aconselhável procurar empresas para o estudo prático do tema e tirar as conclusões", diz ele.

Tal prática, de acordo com Marques, tem como objetivo consolidar a base teórica do trabalho. "Por isso a importância do uso de autores diversificados", explica ele. Entretanto, o chefe de departamento da graduação em Administração da UFPE lembra que não devem ser mencionados apenas pesquisadores com a mesma linha de pensamento do grupo. "Também é interessante usar opiniões divergentes, contanto que o grupo consiga explicar porque discorda da afirmação", explica.

No caso de trabalhos que tem produtos como objetivo final, Strobel lembra que, além do orientador, é importante procurar um docente que avalie a viabilidade econômica do projeto. "Não aceitamos estudos teóricos que não abordem a parte prática. Além das técnicas, avaliamos os conhecimentos de viabilidade econômica dos grupos porque, ao montar um projeto, é preciso que ele tenha chances de ser implantado na prática", diz ele.

Além da viabilidade, Arreguy destaca a importância da necessidade de estudar os nichos de mercado. "Da mesma forma que o mercado de trabalho exige prospecção e avaliação do aceite de clientes, exigimos o mesmo para os trabalhos de conclusão. Dessa maneira, o TCC contribui de forma plena para a formação do estudante", acrescenta.

Dicas para redigir seu TCC
   
 - Fiche todos os artigos e livros lidos. Isso ajuda a organizar as principais idéias que devem constar no texto e não deixar nada de lado;

- Depois da leitura e confronto de todos os materiais recolhidos na etapa de pesquisa, tire suas próprias conclusões, sem abusar de citações;

- Fundamente suas opiniões teoricamente. O aluno só deve mostrar as próprias conclusões quando houver autores que as comprovem;

- Tenha o cuidado de creditar todas as citações para que o erro não seja interpretado como plágio;

- Avalie se o projeto tem viabilidade econômica e se há público consumidor.


Fonte: UNIVERSIA-BRASIL (com adaptações).

Veja como controlar o nervosismo na apresentação do TCC

Alguns procedimentos podem eliminar a tensão perante a banca

Por mais que você tenha se preparado e dedicado tempo de sobra para a realização do seu TCC (trabalho de conclusão de curso), a hora de ir para frente dos holofotes e apresentar o seu trabalho em frente a banca examinadora e ao público é um momento de tensão que preocupa muitos estudantes. Muitas vezes o grupo confia na qualidade do trabalho que fez ao longo do ano, mas sente insegurança por não saber ao certo o que vem pela frente nesse momento decisivo. Para amenizar a tensão que aumenta junto com a proximidade da apresentação do TCC, preparação é fundamental. Em alguns casos, o orientador pode propor atividades para que o aluno ou o grupo tenha noção do que está por vir, como ensaiar antes da apresentação oficial.

Esse foi o caso da bacharel em Direito, Natália Mendes Fólster. Ela se formou na Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) e lembra da estratégia que usou nessa época. "Fomos duas vezes a outro campus da universidade apresentar o projeto a uma turma para a qual nosso orientador dava aula e depois fizemos a defesa com o sétimo semestre de Direito nos assistindo. Essas apresentações me deixaram segura sobre o que falar quando chegou o momento de defender para a banca", conta Natália. Ela diz que o professor também avaliou os slides montados para a apresentação.

Uma das dicas do orientador de Natália foi que ela otimizasse o tempo e não tentasse apresentar todo o projeto. "O importante é tratar apenas dos pontos centrais do trabalho. O orientador pediu para priorizar as considerações finais da monografia e abordar os demais pontos apenas se os avaliadores perguntassem", lembra Natália. Orientação semelhante é dada pela professora Isabel Travancas, responsável pela disciplina de Projetos Experimentais II dos cursos de Publicidade e Propaganda e Produção Editorial da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "Não dá tempo de tratar todo o conteúdo desenvolvido. O ideal é ressaltar as conclusões", resume ela.

Além disso, Isabel recomenda ao estudante apresentar o projeto para a família e amigos e pedir que façam perguntas sobre tudo o que não entenderem durante o ensaio. Esse tipo de atividade serve também para controlar o tempo, afirma Flavio Caetano da Silva, coordenador do curso de Pedagogia da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). "Ainda que o estudante prefira treinar em frente ao espelho, é necessário ficar atento ao limite estabelecido pela instituição", alerta ele.

Apresentação estruturada

Em alguns casos, a universidade ou o orientador recomendam que os estudantes montem a apresentação com base apenas em slides e evitem recursos mais sofisticados. Wilson Leonel, coordenador de monografia do curso de Direito da Unisul, explica que apelar para recursos alternativos pode fazer com que os alunos percam tempo. Além disso, ele afirma que, caso haja algum problema técnico, o entendimento de todo o trabalho pode ser prejudicado.

Além da preparação dos slides, os estudantes devem estudar e dominar todos os aspectos do trabalho para não serem pegos de surpresa pela banca. "Quem se dedicou durante todo o ano ao desenvolvimento do TCC geralmente se sai bem ao responder às perguntas. Entretanto, há bancas que questionam assuntos relacionados ao tema, mas que não foram abordados diretamente pela equipe", destaca José Luis Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais da Ibmec (Faculdade IBMEC). Por isso, ele aconselha que os estudantes pesquisem casos além dos mencionados no trabalho e que tenham relação com o projeto. "Isso mostra que o grupo consegue trabalhar além da linha específica de seu TCC", afirma ele.

Extrapolar a linha de pesquisa do trabalho, no entanto, não é obrigação dos alunos, na opinião de Silva. "Caso os examinadores perguntem sobre temas não abordados, o aluno deve ficar à vontade para dizer que não sabe a resposta", diz ele. Segundo Isabel, nesses momentos, o orientador pode interferir e pedir para que o avaliador se restrinja aos temas tratados no TCC. "O estudante deve dizer, de maneira delicada para não haver mal entendido com os convidados da banca, que não sabe responder", declara ela.

Antes da apresentação

Isabel acrescenta que para evitar surpresas de última hora, é aconselhável que pelo menos uma semana antes da data marcada para a apresentação, os estudantes confirmem a presença dos examinadores. "Caso isso não seja responsabilidade da instituição, aconselhamos que os alunos enviem e-mail ou telefonem para confirmar a presença dos convidados", diz Isabel.

Outro ponto considerado importante pelos professores é o acompanhamento das bancas de outros grupos. "Dessa forma, o universitário já sabe como é feita a avaliação e conhece o modo como os professores avaliam os trabalhos", afirma Silva. Já Isabel acredita que assistir a apresentações diversas pode deixar o estudante mais seguro. "Assim ele vê como os colegas controlam o tempo da apresentação e se comportam para responder às perguntas", acrescenta ela. De acordo com Silva, esse tipo de iniciativa ajuda até mesmo o aluno a escolher o professor que prefere para avaliar seu trabalho. A recomendação, no entanto, é que tal acompanhamento seja feito com um semestre de antecedência, no mínimo.

Isabel orienta ainda que os estudantes consultem, dias antes da apresentação, o regulamento do curso para definir a roupa que usará quando encarar a banca. "A orientação varia para cada curso. Alguns exigem o uso de roupas sociais", adverte Isabel. Outra dica para manter o nervosismo sob controle é dada por Silva. Ele acredita que um dia antes da apresentação o melhor é deixar a preocupação de lado. "Ficar relendo o projeto pode fazer com que o estudante fique ainda mais nervoso e não consiga fazer uma boa apresentação", diz ele. Assim, Silva recomenda aos alunos ir ao cinema ou ao teatro ou passar um tempo com amigos e a família para relaxar. Segundo ele, também é importante manter uma alimentação leve e dormir bem.

Prepare-se para a banca
    
- Algumas instituições exigem que seus alunos usem roupas formais. Verifique o manual de seu curso para saber que roupa usar na apresentação.

- Releia o trabalho alguns dias antes da apresentação para lembrar todos os pontos abordados. Ter domínio sobre o conteúdo apresentado dá segurança para o aluno.

- Ensaie a apresentação quantas vezes achar necessário e peça a alguém que assista. As explicações devem ser entendidas mesmo para quem não tem conhecimentos da área.

- Durante os ensaios, calcule o tempo para saber se precisa diminuir ou incluir novos tópicos na apresentação.

- Lembre-se de enviar um e-mail ou telefonar para os convidados cerca de uma semana antes da data marcada para a banca.

- Um dia antes da apresentação, faça programas que não sejam relacionados ao TCC para evitar nervosismo, como assistir a filmes. Lembre-se também de manter uma alimentação leve.

- Para controlar a duração da apresentação, use um relógio ou combine com um amigo ou o orientador para avisar quando o tempo estiver acabando.

- Durante a banca, se o avaliador fizer perguntas que não sabe responder, não tente enganá-lo. Diga apenas que o assunto não foi abordado no trabalho.


Fonte: UNIVERSIA-BRASIL (com adaptações).