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sábado, junho 18, 2011

Jazida de metal raro descoberto na Bahia

Empresa de Olacyr de Moraes, 80,  ex-rei da soja em Mato Grosso, descobriu a 1ª reserva brasileira de tálio

 

Em pleno oeste baiano, de cerrado e plantações de soja, foi encontrada a primeira jazida de tálio do Brasil. O quilo do produto, raro e tóxico, é cotado a R$ 9.600; Cazaquistão e China são atualmente os únicos produtores.

O metal raro e com aplicações importantes na indústria energética, é agora a menina dos olhos da companhia Itaoeste, do empresário Olacyr de Moraes. Na década de 70, Olacyr virou o maior produtor individual de soja do mundo. Aproveitou a grande cheia de 1973 do rio Mississipi, que arruinou as lavouras dos Estados Unidos, para expandir a fronteira do grão no Centro-Oeste brasileiro. Ganhou a alcunha de "rei da soja" e chegou à casa dos bilhões de dólares, até que os negócios decaíram e ele teve que se desfazer de grande parte de seu patrimônio.

Agora, aos 80 anos, recém-comemorados em badalada noite em São Paulo, ele recorre novamente ao cerrado -precisamente a cidade de Barreiras, na Bahia.
 
Volume

De acordo com pesquisa feita pela empresa em 2% da área passível de ter o minério, a jazida encontrada na Bahia possui, por baixo, 60 mil quilos de tálio. A reserva tem potencial de ser maior que as da China e do Cazaquistão, os únicos produtores atuais.

Com esse volume, é possível atender a toda demanda mundial por seis anos, segundo a empresa.

Em 2010, a cotação do tálio foi de US$ 6.000 o quilo (R$ 9.600). Trata-se de um negócio de, no mínimo, US$ 360 milhões para a empresa, que até então estava focada na exploração de manganês, cobalto, ferro, titânio, ouro, cobre e fosfato.
"As expectativas são muito otimistas. Os estudos em desenvolvimento confirmam a continuidade do minério, o que comprova o potencial do jazimento, além de significativas reservas de manganês e cobalto, produtos com alta demanda e valor de mercado", disse Vladimir Aps, diretor técnico da Itaoeste.

Aplicação - Itaoeste mira o mercado da energia
Com a descoberta da jazida de tálio, a empresa faz planos de entrar no setor de transmissão de energia. O metal é usado na produção de cabos supercondutores. Um único cabo desse tipo pode substituir uma linha inteira de transmissão. O material permite a transmissão a longas distâncias com poucas perdas.

Início da extração de tálio pode levar anos
 
Licenciamento ambiental, audiência pública e plano econômico são exigências para a exploração do mineral.

Material é utilizado para a transmissão de eletricidade a longa distância, em contrastes em exames médicos e sensor infravermelho. O mineral tem também propriedades termelétricas: consegue transformar diretamente calor em eletricidade. Dispositivos como motores e chips de computador desperdiçam a energia gerada por seu funcionamento na forma de calor, o que pode ser solucionado com o uso de materiais como o tálio. 
O DNPM (Departamento Nacional de Pesquisa Mineral) vai vistoriar até julho a jazida de tálio da empresa Itaoeste, do empresário Olacyr de Moraes.

Segundo o superintendente da instituição na Bahia, Teobaldo Oliveira Júnior, essa vistoria permitirá avaliar o volume da reserva.

Para a empresa conseguir a licença para lavra, deverá apresentar um plano de aproveitamento econômico.

Haverá rodadas de audiência pública na região, entre outras exigências, que devem empurrar o início da exploração para daqui a uns dois anos, avalia Oliveira.

Por se tratar de um elemento tóxico e supostamente cancerígeno, cuja exploração pode contaminar a água e o solo da região da jazida, há chances de a empresa encontrar dificuldade para licenciamento ambiental.

Fonte: TOPNEWS (com adaptações).

sexta-feira, junho 17, 2011

Radiação gama torna quartzo brasileiro mais valioso

Defeito benéfico
 
O quartzo, mineral abundante em praticamente todo o território brasileiro, apresenta baixo valor comercial em seu estado bruto. Quando submetido à irradiação, contudo, atinge um valor agregado médio cerca de 300% maior. Estima-se que 70% da produção mundial de pedras preciosas tenha passado por tratamentos de beneficiamento.


Quartzo extraído em São José da Safira (MG),
torna-se a gema green-gold
depois de ser irradiado com raios gama.
[Imagem: Rainer Schultz-Güttler]



Durante a irradiação, é gerado um defeito na estrutura cristalina do mineral, ou seja, na maneira como os átomos estão organizados na chamada rede atômica. Esse "defeito benéfico" muda as propriedades físicas e ópticas do cristal, fazendo com que ele passe a absorver ou refletir outros comprimentos de onda da luz visível. O resultado é que um cristal absolutamente sem-graça passa a ter uma coloração límpida e reluzente, muito mais valorizado no mercado joalheiro.

Quartzo irradiado

No Brasil, as pesquisas na área são feitas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Segundo Cyro Teiti Enokihara, pesquisador do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN, da mina à vitrine o caminho é longo, mas a tecnologia de irradiação está se tornando um elemento fundamental no processo de beneficiamento do quartzo brasileiro.

Os melhores resultados, segundo Cyro, foram obtidos utilizando fontes de radiação gama, aplicadas em amostras de quartzo de qualidade gemológica. As melhores gemas artificialmente coloridas já obtidas pelos pesquisadores são verde amareladas, chamadas de green-gold, cor de mel (honey); cinza (fumê); laranja amarronzado (conhaque); preto (morion) e verde.

Todas essas gemas apresentaram boa qualidade e alta estabilidade, o que as torna valiosas no mercado joalheiro.

Irradiação do quartzo
Quartzo verde da região de Ametista do Sul (RS),
no estado bruto, e após ser irradiado e lapidado.
Como a radiação só interfere nos elétrons,
 e não no núcleo do átomo, não são gerados radionuclídeos e,
portanto, o quartzo não se torna radioativo.
 [Imagem: Rainer Schultz-Güttler]

No IPEN, as pedras de quartzo são colocadas em dispositivos onde são submetidas à radiação ionizante proveniente de fontes de cobalto-60. O irradiador foi desenvolvido com tecnologia nacional, sob a coordenação do professor Paulo Rella. Mas não se trata unicamente de colocar um quartzo qualquer no aparelho e esperar "assar uma gema". Tudo depende da composição química do mineral.

Alguns tipos de quartzo respondem da maneira desejada, com a radiação otimizando ou alterando sua cor, mas outros não. Testes prévios são realizados para se detectar quais amostras podem ser submetidas ao tratamento. A pedra pode conter impurezas como ferro, alumínio, lítio, potássio e sódio, bem como moléculas de água e radicais hidroxila. Além das impurezas presentes na estrutura cristalina do material, deve ser levado em conta também o ambiente geológico ou o local em que a pedra foi formada.

Sem radiação

O que a radiação faz é promover um desequilíbrio eletrônico, com os elétrons das camadas mais externas dos elementos sendo expelidos. Como a radiação só interfere nos elétrons, e não no núcleo do atómo, não são gerados radionuclídeos e, portanto, o quartzo não se torna radioativo. O tratamento apenas acelera o efeito que a natureza levaria milhares de anos para produzir.

Cyro afirma que parte considerável das pedras extraídas no Brasil é enviada ao exterior, em estado bruto, para países como Alemanha, Tailândia e China, onde passam por um processo de beneficiamento e de lapidação, e posteriormente retornam ao país em forma de joias, gerando enormes perdas econômicas para o país.

O IPEN mantém contatos permanentes com empresas de comercialização de pedras preciosas, com o intuito de realizar testes de irradiação para os quartzos de diferentes procedências e efetuar pesquisas para outros novos minerais.


Fonte: Inovação Tecnológica

quinta-feira, junho 16, 2011

Físicos criticam falta de independência de programa nuclear

Concentração de fiscalização e fomento de pesquisas nas mãos do mesmo órgão criaria "promiscuidade". Comissão de sociedade científica também é contra planos atuais de expansão da energia atômica no Brasil .

O programa nuclear brasileiro sofre de uma "promiscuidade perigosa" porque o mesmo órgão que fiscaliza as atividades envolvendo energia atômica também financia as pesquisas nesse campo.

Esse é o diagnóstico de uma comissão da SBF (Sociedade Brasileira de Física), que avaliou o estado da área e apresentou suas conclusões durante o Encontro de Física 2011, em Foz do Iguaçu (PR).
 
"A confluência de interesses prejudica a supervisão de segurança", diz Luiz Carlos Menezes, físico da USP e presidente da comissão.
 
O alvo das críticas dos físicos é a Cnen (pronuncia-se "que nem"), ou Comissão Nacional de Energia Nuclear. Menezes lembra que já há a iniciativa de criar uma agência independente de monitoramento, mas ela não avança. "Não duvido que os interesses corporativos da própria Cnen estejam emperrando essa consulta", diz ele.
 
No relatório, o terceiro produzido pela comissão da SBF, os físicos também abordam o que consideram estratégico para o futuro da pesquisa nuclear no Brasil. Entre as principais demandas da comunidade científica está a criação de um reator multipropósito.
 
Esse tipo de reator poderia suprir o país com radioisótopos de uso médico, importantes para radioterapia ou diagnóstico e hoje produzidos fora do Brasil. "A construção autônoma também traria qualificação técnica, até para fazermos outros reatores se fosse decidido que é o caso de fazer", diz Menezes.

Nesse ponto, o chefe da comissão é categórico: o país não precisa de mais reatores neste momento, e construí-los equivaleria a simplesmente comprar tecnologia pronta fora, o que seria "tolice", afirma o pesquisador.

Laercio Vinhas, diretor de radioproteção e segurança nuclear da Cnen, diz que, com o passar do tempo, os programas nucleares mundo afora de fato foram ganhando agências de monitoramento independentes.
"Também pretendemos que haja separação aqui, embora isso não signifique que hoje o trabalho seja malfeito", afirma Vinhas. "Não estamos contrariando as convenções internacionais porque elas pedem que regulação e fomento sejam funcionalmente independentes, e isso já acontece no interior da Cnen", argumenta.
 
Frase

"Acho uma tolice comprar usinas prontas, seria como voltar aos anos 1970 [quando isso ocorreu no caso das usinas de Angra]. E, nos moldes atuais, é o que aconteceria" - Luiz Carlos Menezes - FÍSICO DA USP E CHEFE DA COMISSÃO
 
Fonte: Administradores.com.br

quarta-feira, junho 01, 2011

Os benefícios da energia nuclear e o protagonismo de Brasil e Argentina no futuro da humanidade

Em artigos e publicações recentes, a pesquisadora Fernanda das Graças Corrêa, do Grupo de Pesquisa Logística Integrada e Sistemas da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolve a reflexão de que Brasil e Argentina podem se consolidar no mercado internacional como construtores de usinas nucleares, "sejam elas energéticas, dessalinizadoras ou medicinais". E ainda que "somente fortalecendo os naturais laços fraternos, Brasil e Argentina conseguirão a autonomia e a independência que almejam".

Nas suas abordagens sobre o assunto, Fernanda destaca que "além das questões econômicas, na América do Sul, Argentina e Brasil se destacam neste cenário citado pelo alto nível científico e tecnológico em que se encontram. Considerando a devida importância dos outros países desta região, indiscutivelmente, Argentina e Brasil são os principais promotores da integração e da cooperação regional. Estima-se que 40% das terras produtivas e inexploradas do mundo estão localizadas na Argentina e no Brasil. Isso significa que, se continuado o planejamento político, econômico, científico e tecnológico até então aplicado, ambos os países se enquadrarão no cenário internacional futuro dentre os poucos países com condições de proporcionar água potável, alimentos, habitação e múltiplas formas de energia às suas populações." 

Segundo Fernanda, em função de seu caráter estratégico, os benefícios advindos da energia nuclear disparam em relação às demais fontes de energia. E aponta, entre os aspectos positivos do uso da energia nuclear para fins pacíficos: "as águas dos oceanos podem ser dessalinizadas e transformadas em água potável; muitos alimentos e embalagens são desinfectados; pode-se realizar o controle de micróbios em peixes, camarões e frangos e aumentar a validade de algumas especiarias. Por meio do processo de irradiação, a energia nuclear contribui com o processo de degradação dos poluentes e controle de pragas. Por meio desta energia é possível diagnosticar diversos tipos de doenças, em especial, o câncer. Em termos de engenharia, a energia nuclear está apta a realizar a medição de lençóis freáticos, controlar o bombeamento de petróleo, aumentar a resistência de fios e cabos elétricos. Além de tudo isso, a energia nuclear é responsável por 17% da produção de energia elétrica mundial."

O acordo de cooperação nuclear assinado por Argentina e Brasil no início de 2011 e que prevê a construção de dois reatores multipropósitos, um para cada país, reforça a tese e consolida a parceria entre os dois principais países da América do Sul no caminho da cooperação, do desenvolvimento e da independência científica, tecnológica e econômica.

Com uma das maiores reservas de urânio do mundo, segundo afirma o ministro de Minas e Energia, Marcos Zimmerman, nas próximas duas décadas o governo brasileiro pretende construir novas usinas nucleares, considerando que "a tendência é de que a partir de 2020 a energia nuclear seja implementada em larga escala no país".

A questão suscita controvérsias, debates e manifestações acaloradas entre os diversos segmentos da sociedade. Entretanto, a perspectiva é de que nos próximos 20 anos o potencial hidrelétrico brasileiro esteja esgotado, e a energia nuclear é considerada por estudiosos do assunto como a alternativa mais viável. 


Fonte: Planeta Universitário