Em artigos e publicações recentes, a pesquisadora Fernanda das Graças
Corrêa, do Grupo de Pesquisa Logística Integrada e Sistemas da
Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolve a reflexão de que
Brasil e Argentina podem se consolidar no mercado internacional como
construtores de usinas nucleares, "sejam elas energéticas,
dessalinizadoras ou medicinais". E ainda que "somente fortalecendo os
naturais laços fraternos, Brasil e Argentina conseguirão a autonomia e a
independência que almejam".
Nas suas abordagens sobre o assunto, Fernanda destaca que "além das
questões econômicas, na América do Sul, Argentina e Brasil se destacam
neste cenário citado pelo alto nível científico e tecnológico em que se
encontram. Considerando a devida importância dos outros países desta
região, indiscutivelmente, Argentina e Brasil são os principais
promotores da integração e da cooperação regional. Estima-se que 40% das
terras produtivas e inexploradas do mundo estão localizadas na
Argentina e no Brasil. Isso significa que, se continuado o planejamento
político, econômico, científico e tecnológico até então aplicado, ambos
os países se enquadrarão no cenário internacional futuro dentre os
poucos países com condições de proporcionar água potável, alimentos,
habitação e múltiplas formas de energia às suas populações."
Segundo
Fernanda, em função de seu caráter estratégico, os benefícios advindos
da energia nuclear disparam em relação às demais fontes de energia. E
aponta, entre os aspectos positivos do uso da energia nuclear para fins
pacíficos: "as águas dos oceanos podem ser dessalinizadas e
transformadas em água potável; muitos alimentos e embalagens são
desinfectados; pode-se realizar o controle de micróbios em peixes,
camarões e frangos e aumentar a validade de algumas especiarias. Por
meio do processo de irradiação, a energia nuclear contribui com o
processo de degradação dos poluentes e controle de pragas. Por meio
desta energia é possível diagnosticar diversos tipos de doenças, em
especial, o câncer. Em termos de engenharia, a energia nuclear está apta
a realizar a medição de lençóis freáticos, controlar o bombeamento de
petróleo, aumentar a resistência de fios e cabos elétricos. Além de tudo
isso, a energia nuclear é responsável por 17% da produção de energia
elétrica mundial."
O acordo de cooperação nuclear assinado por
Argentina e Brasil no início de 2011 e que prevê a construção de dois
reatores multipropósitos, um para cada país, reforça a tese e consolida a
parceria entre os dois principais países da América do Sul no caminho
da cooperação, do desenvolvimento e da independência científica,
tecnológica e econômica.
Com uma das maiores reservas de urânio
do mundo, segundo afirma o ministro de Minas e Energia, Marcos
Zimmerman, nas próximas duas décadas o governo brasileiro pretende
construir novas usinas nucleares, considerando que "a tendência é de que
a partir de 2020 a energia nuclear seja implementada em larga escala no
país".
A questão suscita controvérsias, debates e manifestações
acaloradas entre os diversos segmentos da sociedade. Entretanto, a
perspectiva é de que nos próximos 20 anos o potencial hidrelétrico
brasileiro esteja esgotado, e a energia nuclear é considerada por
estudiosos do assunto como a alternativa mais viável.
Fonte: Planeta Universitário