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domingo, setembro 11, 2011

Simulação de acidente nuclear em Angra dos Reis

Para analisar e observar todos os detalhes do Exercício Geral do Plano de Emergência da Central Nuclear, de Angra dos Reis, representantes de órgãos nacionais e internacionais presenciaram todas as atividades do evento. Estiveram presentes observadores do Ministério da Defesa; Marinha; Defesa Civil Nacional; Ibama; Cemig; Tribunal de Contas da União; dentre demais representantes convidados pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Também estiveram nas atividades o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República General, José Elito Carvalho Siqueira; o Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ângelo Fernando Padilha; o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Trajan Filho; o secretário Nacional de Defesa Civil, Humberto Viana; e o presidente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.

"É essencial que todos os órgãos estejam integrados para participar do plano. Sabemos bem que a possibilidade de um acidente nuclear é muito pequena, mas precisamos nos preparar caso isso aconteça algum dia. E temos que ser modestos e responsáveis para admitir que precisamos melhorar nossas ações de prevenção, e investir nas atividades de todo o Plano de Emergência" - afirmou o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ângelo.

As atividades do exercício foram retomadas logo pela manhã do dia 1º de setembro. Após constatada a existência de uma Emergência Geral, teve início a evacuação da população localizada em um raio de 3 Km ao redor de Angra. Através de ônibus e vans dos órgãos envolvidos no Plano de Emergência, os moradores foram levados aos abrigos municipais, como a Escola Municipal José Luiz Reseck.

Por volta das 11h30min, houve a simulação da transferência da paciente contaminada por radiação na tarde de ontem. A funcionária foi transferida do Centro Médico das Radiações Ionizantes (CMRI), localizado na Vila História de Mambucaba para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. O transporte foi realizado em uma aeronave especifica da Aeronáutica.

"Primeiramente, o paciente é atendido dentro da usina, depois no CMRI e se houver agravamento fazemos a remoção até o Marcílio Dias, unidade mais apropriada para receber casos desse tipo" - disse o coordenador do Plano de Emergência Local (PEL) da Eletronuclear, Paulo Werneck.

Na parte da tarde, os moradores do Frade se reuniram na entrada do Sertãozinho, em um Ponto de Reunião, simulando a evacuação da comunidade. Logo após, funcionários da Fundação de Saúde de Angra (Fusar) realizaram a distribuição fictícia de pastilhas de iodeto de potássio, na comunidade da Praia Vermelha. No local também foi testada a retirada da população por via marítima, e terrestre. O exercício foi finalizado por volta das 16 horas, com a retirada de ilhéus de Angra, e o encaminhamento dos mesmos ao Colégio Naval, no centro de Angra.

Concluído o Exercício Geral, todos os órgãos envolvidos no Plano de Emergência fizeram uma reunião para debater os detalhes das atividades ocorridas. Dentre dois a três meses um relatório será elaborado pelas equipes analisadoras da Eletronuclear Eletrobrás, para que haja uma conclusão de como foram as ações, e o que deverá ser feito para melhorá-las.

 

Pela primeira vez o Exercício Geral do Plano de Emergência testou a logística da entrega de pastilhas de iodeto de potássio à população (que evitam a contaminação por radiação). A entrega fictícia das pastilhas foi feita através de kits contendo balas e material informativo que explicava o motivo pelo qual as pessoas deveriam tomar a suposta medicação. A ação aconteceu na comunidade da Praia Vermelha, que possui aproximadamente 200 moradores.

Como explica o médico e integrante do plano, Marcos Vinícius de Castro, a entrega dos comprimidos foi feita com balas para simbolizar as pílulas que deveriam ser tomadas em caso de um real acidente nuclear.

"O comprimido de iodeto de potássio é utilizado quando uma pluma radioativa atinge uma determinada área, e a população não consegue ser retirada. A pastilha de iodo atinge a glândula da tireóide e funciona como um bloqueador de radiação, evitando assim uma maior contaminação e o surgimento de câncer de tireóide. Em outros paises vimos que nos exercícios gerais foram utilizados balas para fingir que estavam sendo distribuídos os comprimidos, daí surgiu a ideia de fazer o mesmo em Angra" - explicou Marcos Vinícius.

Os moradores aprovaram a iniciativa.

"Essa história de tomar pílulas de iodeto de potássio parecia uma situação complicada e arriscada, pois não sabíamos a respeito de contra-indicações ou efeitos da medicação. E nessas horas a informação é realmente o melhor remédio" - disse a moradora da Praia Vermelha, Dalva Rosas.

 
Fonte: Diário do Vale (com adaptações).