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quinta-feira, março 17, 2011

As Pílulas de Iodo e o Azul da Prússia

Esclarecendo algumas dúvidas sobre o motivo de usarem as pílulas de iodo em acidentes nucleares ou radiológicos e o azul da Prússia, que foi utilizado em Goiânia no acidente com o Césio-137, por exemplo.

Por Mariana Duarte

Iodeto de Potássio


Utilizando o exemplo do recente acidente nuclear no Japão onde há a presença no ar do Iodo-131, que é radioativo e altamente cancerígeno, as pílulas de iodo ou  iodeto de potássio são um sal utilizado para saturar a tireóide com este iodo, condicionando-a a bloquear o iodo radioativo. Elas ajudam a combater o efeito do Iodo-131 diminuindo a possibilidade de disfunções da tireóide.

O corpo precisa de iodo - de uma forma não radioativa - para produzir hormônios da tireóide, que regulam o metabolismo. Absorver o iodo radioativo pode causar o câncer. Uma vez inalado ou consumido por comer ou beber alimentos contaminados, o iodo radioativo viaja através do corpo e é rapidamente absorvido pela glândula tireóide, onde se pode danificar o DNA.

O corpo não faz a diferença entre o iodo radioativo e o estável. Tomar comprimidos de iodo estável pode proteger a tireóide por "encher" a glândula de iodo, impedindo a absorção do iodo radioativo. É importante que se tomem as pílulas rapidamente e o seu efeito dura por 24 horas.  

Os comprimidos de iodo não impedem a entrada de iodo radioativo no corpo e nem  protege outros órgãos além da glândula tireóide. Eles também não revertem danos que já ocorreram na tireóide. 

Sal iodado também contém iodo suficiente para manter a maioria das pessoas saudáveis, em condições normais. No entanto, o sal de mesa não contém iodo suficiente para bloquear o iodo radioativo de entrar em sua glândula tiróide. 

Porém, como esclareceu a OMS, o iodeto de potássio "não é um antídoto à radiação" e não oferece proteção contra elementos radioativos como o césio. Além disso, pode representar um risco para algumas pessoas, incluindo mulheres grávidas.

Azul da Prússia 


O azul da Prússia foi produzido pela primeira vez como um corante azul em 1704 e tem sido utilizado por artistas e fabricantes, desde então. Ele tem o nome de seu uso como corante de uniformes militares prussianos. 

Porém, as pessoas não devem tomar o corante azul da Prússia utilizado por artistas na tentativa de tratar a si próprios. Este tipo de azul da Prússia não é projetado para tratar da contaminação radioativa.  As pessoas que estão preocupadas com a possibilidade de estarem contaminadas com materiais radioativos devem ir ao médico para aconselhamento e tratamento.
  
O azul da Prússia é utilizado no tratamento de pacientes com conhecida ou suspeita de contaminação interna com césio radioativo e/ou tálio radioativo ou não-radioativo para aumentar a velocidade de sua eliminação. Tal substância elimina os efeitos da radiação, fazendo com que as partículas de césio saiam do organismo através da urina e das fezes.

O azul da Prússia impede que o tálio radioativo (principalmente o Tl-201) e o césio sejam reabsorvidos pelo organismo. Os materiais radioativos em seguida, passam através do intestino e são excretados em evacuações. 

O azul da Prússia reduz a meia-vida biológica do césio de cerca de 110 dias para cerca de 30 dias e a meia-vida biológica do tálio de cerca de 8 dias para cerca de 3 dias. Por reduzir o tempo que o césio e o tálio permanecem no corpo, o azul da Prússia ajuda a limitar a quantidade de tempo que o corpo é exposto à radiação.

A droga é segura para a maioria dos adultos, incluindo mulheres grávidas e crianças (2 ─ 12 anos). As mulheres que estão amamentando seus bebês devem parar de amamentar. Pessoas que tiverem prisão de ventre, bloqueios no intestino ou certos problemas de estômago devem consultar seus médicos antes de utilizá-lo. Antes de tomar o azul da Prússia, as pessoas também devem informar seu médico sobre qualquer outro medicamento que esteja tomando.

Os efeitos secundários mais comuns do azul da Prússia são dores de estômago e constipação. Estes efeitos secundários podem ser facilmente tratados com outros medicamentos. As pessoas podem ter fezes azuis durante o tempo em que estão tomando o azul da Prússia.