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quarta-feira, outubro 06, 2010

Risco-benefício da exposição à radiação

Quantos exames radiológicos uma pessoa pode fazer por ano com segurança?

Os médicos relutam em estabelecer um número, porque muitas vezes os benefícios superam os riscos da exposição à radiação. Mas especialistas dão uma ideia do que seria uma margem segura, considerando exames feitos com equipamento bem calibrado e profissionais capacitados. "Uma pessoa que faz até cinco radiografias por ano certamente não corre o risco de radiação excessiva", diz Giovanni Cerri, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

O número serve para adultos e crianças. A máquina é ajustada conforme peso e idade da criança, e a intensidade da radiação é menor. Uma média de cinco exames significa, por exemplo, duas radiografias nos dentes, uma no tórax, uma tomografia no rosto e a mamografia. É suficiente para procedimentos de rotina.

Em algumas doenças, pode ser necessário aumentar muito esse número. Não há limite para a quantidade de radiografias e tomografias que podem ser feitas. Os médicos podem calcular o custo/benefício de submeter o paciente a mais radiação. "A preocupação é não realizar exames radiológicos se não for necessário. A radiação é cumulativa, ou seja, uma dose soma-se à outra, inclusive com as de outras fontes, como a radiação solar", diz Cerri.

Márcio Garcia, coordenador do Centro de Diagnóstico do Hospital Infantil Sabará, concorda que até cinco radiografias por ano é um número totalmente seguro. "Mas isso não quer dizer que, quando é preciso fazer mais exames, a pessoa está em risco", ressalta. O problema é que, atualmente, são feitos muitos exames desnecessários. "Muitos médicos praticam uma medicina defensiva: para evitar possíveis queixas futuras sobre falhas do diagnóstico, já pedem tudo quanto é exame de uma vez", diz Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Para Sebastião Tramontin, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, é uma questão de seguir critérios para indicar o exame. "Em casos de sinusite, só pedimos uma radiografia da face se não foi possível fechar o diagnóstico após um bom exame clínico, por exemplo. Mas se chega uma criança com suspeita de infecção pulmonar, vamos fazer os raios-X", explica Garcia.

Nos problemas ortopédicos, também é difícil prescindir da radiografia. "Mas a tomografia, que emite mais radiação, deve ser reservada só para os casos mais complicados", diz o médico. A ressonância magnética, que não emite radiação, pode ser usada em algumas situações. Mas o exame é bem mais caro e, muitas vezes, exige sedação, especialmente em
crianças.

Perguntas e Respostas

1 Quantos exames posso fazer por ano?
Não há um limite estabelecido. O exame deve ser feito sempre que o médico avaliar que o benefício é superior ao risco.

2 O aparelho deve ser ajustado para crianças?
Sim, sempre. Crianças são dez vezes mais sensíveis à radiação do que os adultos. Exames como a tomografia devem usar dose mínima de radiação para evitar a possibilidade de efeitos tardios, como o câncer.

3 O que pode acontecer se houver dose excessiva?
Efeitos biológicos da radiação foram constatados em casos de alta exposição -por exemplo, após explosão de bomba atômica. Mas não há estudos populacionais dizendo que quem fez mais tomografias tem mais chances de câncer.

4 Quais são os efeitos imediatos de uma overdose?
Perda de cabelo, leucopenia, lesões na pele, anemia e catarata podem acontecer quando a pessoa é exposta a doses muito elevadas de radiação, o que é pouco provável em exames. Só ocorrem se o aparelho estiver muito descalibrado ou o funcionário não seguir protocolos de segurança.

5 O que o paciente pode fazer na hora de se submeter a um exame radiológico?
Observar se há certificado ou selo de qualidade garantindo que o aparelho está calibrado. Exigir por escrito a dose de radiação a que foi submetido. 


 
Fonte: Gazetaweb.com

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